Campanha de doação de sangue do Hospital Regional de Marabá segue até sexta-feira

Era cedo quando seu Valdelino Santana, de 60 anos, pegou a estrada com mais 15 amigos nesta terça-feira (17/4). Eles saíram de Eldorado de Carajás em direção a Marabá, percorrendo uma distância de 70 quilômetros. O motivo era nobre: ajudar pessoas que precisam de sangue. A coleta foi feita no Hospital Regional do Sudeste do Pará – Dr. Geraldo Veloso (HRSP), que realiza uma campanha de doação até a próxima sexta-feira (20/4), com o apoio da Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará – Hemopa Marabá.

‘Eu me sinto bem em fazer isso, não só pela pessoa que vai receber a doação, mas por mim mesmo, porque é uma ação importante. Não precisa ter medo de nada. Quem tiver vontade de doar, pode vir, que é ótimo’, incentivou o autônomo.

Como seu Valdelino, outras 78 pessoas compareceram ao posto de coleta montado no ambulatório do Hospital Regional de Marabá. Entre elas, o servente Marcos Sousa, de 23 anos, que aproveitou o intervalo do trabalho na obra de ampliação e reforma do hospital e passou na sala de coleta. Esta foi a primeira vez que ele doou sangue. ‘Eu fiquei sabendo por um amigo. É a primeira vez. Fiquei com medo, mas eu vim mesmo assim. Decidi doar para ajudar o pessoal que precisa e já chamei os colegas da obra. Vamos aproveitar que estamos aqui e doar. Daqui para frente, vou continuar doando’, prometeu o voluntário.

Segundo o coordenador da Agência Transfusional do HRSP, Gustavo Ramos, a doação é indolor e não causa nenhum prejuízo à saúde do voluntário. ‘Muitas pessoas deixam de doar porque pensam que doação vicia e afina ou engrossa o sangue. Isso não é verdade. Em pouco tempo, o corpo repõe a quantidade de sangue doado. O gesto faz um grande bem ao próximo. É possível salvar até sete vidas com uma única doação’, afirmou o biomédico.

A colaboradora Flávia Fernandes é voluntária há 13 anos. Ela conta que cresceu vendo a mãe participar de campanhas e aos 18 anos decidiu seguir o mesmo caminho. Hoje, ela incentiva amigos a terem a mesma atitude e, sempre que pode, acompanha a doação para que eles se sintam mais encorajados. De acordo com ela, doar sangue é uma forma de se sentir útil.

Esse senso de responsabilidade é o que tem tornado a enfermeira Michele Trindade uma doadora fiel desde o final de 2016. Nesta terça-feira, ela doou sangue pela quarta vez. ‘É uma experiência única porque temos a chance de poder ajudar pessoas que precisam. Agora que estou atuando em um hospital penso mais ainda nisso, porque quando a gente vivencia, percebe mais a realidade. O número de cirurgias realizadas pela unidade é grande, então, muita gente precisa’, afirmou a colaboradora.

A técnica de Laboratório, Anete Fernandes, conhece bem essa necessidade. Ela atua na Agência Transfusional, setor responsável pelas bolsas de sangue transfundidas na unidade, e desde a primeira campanha do Hospital Regional de Marabá ajuda nas coletas.

‘Eu doava antes, mas hoje não posso porque tive hepatite depois de adulta. Minha parte eu faço: trago doadores e coleto as bolsas. A gente só sabe o tamanho da necessidade quando precisa. Daí, quando você vê um paciente com tipo raro de sangue e que não tem no estoque, a família toda sente na pele a dificuldade. Se a gente parar para analisar, quantas pessoas não estão nessa aflição? Quantas pessoas têm saúde mas não doam por causa do medo da furada ou diz que não tem tempo. E é tão pouco o tempo gasto para doar. No máximo, em dez minutos ela já fez a doação’, argumentou Anete. 

Transfusão

Atualmente, o Hospital Regional de Marabá é a unidade que mais demanda o hemocentro regional, especialmente por seu perfil de atendimento de média e alta complexidades e pela quantidade de cirurgias realizadas. Em 2017, a instituição realizou 2.123 transfusões, o que corresponde a uma média mensal de 176 procedimentos. 

Diante dessa demanda, a Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, gestora do HRSP sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), há mais de dez anos realiza campanhas periódicas de doação de sangue, mobilizando colaboradores, usuários e a comunidade do entorno por esta importante causa.

Nesta campanha, os grupos que participam do Programa de Voluntariado da instituição também ajudaram a mobilizar pessoas dentro e fora da unidade. Ao longo do dia, em vários horários, eles incentivaram a ida à sala de coleta e, ao final, doaram também, como exemplo de solidariedade.

De acordo com o diretor-geral da unidade, Valdemir Girato, com isso, a Pró-Saúde também contribui para a melhoria da qualidade de vida dos moradores da região. ‘Sangue é vida e a doação demonstra amor pelo próximo. Hoje, a vida de muitas pessoas depende desse ato de solidariedade, então, imagine o quanto nos faz bem saber que ajudamos a salvar alguém com uma simples doação’, comentou o gestor.

Como ajudar?

Os interessados em participar da 33ª Campanha de Doação de Sangue do Hospital Regional de Marabá devem procurar o Hemopa Marabá, até a próxima sexta-feira. É preciso apresentar documento oficial de identificação, como carteira de trabalho, de habilitação ou de identidade. Poderão doar sangue as pessoas com idades entre 16 e 69 anos, com peso mínimo de 50 quilos e que estejam bem de saúde. Menores de 18 anos devem ser autorizados pelos pais ou responsáveis legais.

O Hemopa Marabá funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 13h, e fica localizado na Rodovia Transamazônica, s/n, no bairro Amapá, núcleo Cidade Nova, próximo à Câmara Municipal de Marabá.